segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Communication

Há alguns dias atrás eu estava, entre uma atividade e outra, ouvindo músicas de uma banda da qual gosto muito e, de repente, num daqueles estalos estilo “a ficha caiu”, uma das músicas chamou minha atenção de uma forma diferente. Já a tinha ouvido milhares de vezes, mas naquele instante a mensagem teve um novo significado. Deixou de ser poética e melancólica e ficou mais técnica. Fez com que eu lembrasse de um tema recentemente abordado. A letra* diz o seguinte:

“for 27 years I've been trying
to believe and confide in
different people I found

some of them got closer than others
and some wouldn't even bother
and then you came around

I didn't really know what to call you
you didn't know me at all
but I was happy to explain

I never really knew how to move you
so I tried to intrude through
the little holes in your veins
and I saw you

but that's not an invitation!
that's all I get
if this is communication
I disconnect
I've seen you, I know you, but I don't know
how to connect
so I disconnect

you always seem to know where to find me
and I'm still here behind you
in the corner of your eye

I'll never really learn how to love you
but I know that I love you
through the hole in the sky
where I see you

and that's not an invitation!
that's all I get
if this is communication
I disconnect
I've seen you, I know you, but I don't know
how to connectso
I disconnect

well, this is an invitation!
it's not a threat
if you want communication
that's what you get
I'm talking and talking
but I don't know how to connect

and I hold
a record for being patient
with your kind of hesitation

I need you, you want me
but I don't know how to connect
so I disconnect
I disconnect”

A música chama-se “Communication”, da banda The Cardigans. O destaque vai para o refrão:


“but that's not an invitation!
that's all I get
if this is communication
I disconnect
I've seen you, I know you, but I don't know
how to connect
so I disconnect”

Num sentido mais literal, é interessante observar que a pessoa desiste de tentar se comunicar, se “desconecta” do outro, simplesmente por não conseguir ou não saber como fazê-lo. Aí eu viajei na relação emissor x receptor: será que a outra pessoa é tão diferente dela em personalidade que isso bloqueia a interação entre eles? Será que o emissor não está sendo claro o suficiente ao transmitir sua mensagem? Será que um fala alemão e o outro japonês? Como se trata de uma canção e a atmosfera é bem subjetiva, as possibilidades são infinitas.

O “connect / disconnect” aqui pode ter uma série de outras interpretações. Por exemplo, pode ser uma forma de dizer que não houve reciprocidade afetiva; que a pessoa não conseguiu fazer com que o sentimento da outra por ela fosse ativado (como se isso fosse fácil como acionar um interruptor). Os termos “conectar” e “desconectar” lembram muito a relação que temos com máquinas, com tecnologia. Acho que o grande saque, a grande mensagem desta canção pode estar aí: num mundo em que se comunicar pode ser tão fácil, tão rápido e tão eficiente, ainda assim um indivíduo pode não conseguir passar seu recado com sucesso, seja pessoalmente ou através de qualquer outro canal. Quem sabe daqui a alguns anos, se cada ser humano passar a ter um manual de instruções e alguns botões para facilitar a interação...

*Para tradução da letra, clique aqui.

2 comentários:

Eliana Mara Chiossi disse...

Nanda,

que bom ser a primeira visitante oficial.
E ter o prazer de ler este texto tão provocador.
Os ruídos, estas pedrinhas que nos afastam um do outro, dão material para pensar muito, e as fichas vão continuar caindo. Parabéns!


Abracinho feliz!

Fernanda Pedrecal disse...

Obrigada, Eliana... Que bom que gostou, me deixou animada e com vontade de escrever mais. :)

Um abracinho feliz pra vc tb.