sábado, 1 de novembro de 2008

Visita íntima

Hoje fui visitar meus avós. Faço esta visita anualmente com a minha mãe, sempre nesta mesma época. É sempre um momento de reflexão, e este ano não poderia ser diferente.

Todo ano Mrs. Pedrecal repete a mesma frase: “É aqui que termina toda vaidade, minha filha”. Concordo, mas vou além das coisas vãs. A maior lição que se pode tira de uma visita ao cemitério é essa: tudo, absolutamente tudo um dia encontra seu fim. Não há bem que nunca se acabe, nem mal que dure para sempre.

É desolador saber que momentos de alegria e felicidade vão acabar, às vezes antes mesmo deles acontecerem. Você olha aquelas pessoas queridas sorrindo e pensa: “Estarão comigo daqui a um ano? Até que momento farão parte da minha vida?”. No entanto, existe o consolo e o alívio de saber que as dores e os sofrimentos também acabarão um dia, e esse pensamento nos dá coragem para seguir adiante. A vida sabe ser generosa: pessoas queridas vão embora, mas, caso não pertençam a nenhuma das “categorias insubstituíveis” (pai, mãe e filhos), fatalmente terão seus lugares ocupados por outras pessoas em algum momento. Só não supera uma dor quem se apega a ela, afinal.

Essa alternância entre momentos bons e ruins me lembra uma comparação que li uma vez entre a vida e uma roda gigante. Num momento se está na parte alta da roda, para logo em seguida estar na parte baixa, e depois novamente sobe, e desce, e... Ou você aprende a lidar com esses altos e baixos ou acaba doente (em ambos, roda gigante e vida).

Tudo passa. E já que não dá pra fugir disso, vamos colaborar com nossa existência e permitir que ela siga com sua sazonalidade. Quem sabe assim ficamos menos tempo na parte de baixo da roda.

2 comentários:

Aline Dianna disse...

Sabe... eu só fui lembrar que estávamos nessa época do ano hoje de manhã, quando acordei. É bom, me poupou um domingo melancólico como todos têm sido nos últimos cinco anos.

Mas, é o ciclo da vida. Tudo tem prazo de validade - cabe a nós decidir o que fazer com o tempo que nos resta.

Aline Barbosa disse...

"Mas, é o ciclo da vida. Tudo tem prazo de validade - cabe a nós decidir o que fazer com o tempo que nos resta."

Concordo com Dee... Essa frase diz tudo.

Lindo texto, Nanda.